Retrospectiva Revestir: Minha primeira Revestir

“Minha primeira Revestir foi em 2005. Eu tinha um ano de Pamesa. Como São Paulo é perto de Buenos Aires, minha terra natal, eu fui pra lá passar o fim de semana antes do evento. A feira começava na terça-feira, então eu fui para Buenos Aires na sexta e ficaria lá até a segunda à tarde. Mas quando cheguei no aeroporto para viajar para São Paulo me disseram que meu passaporte não era válido. Achei que fosse algum engano, pois eu tinha acabado de renovar meu passaporte no Consulado de Recife. Foi aí que eu descobri que havia uma regra na Argentina na época que dizia que qualquer passaporte renovado no exterior perdia a validade quando a pessoa entrasse na Argentina. E eu só estava com o passaporte, não tinha levado a minha identidade.

Eu estava com uma expectativa muito grande para participar da Revestir pela primeira vez. Eu já tinha participado de uma outra feira no ano anterior, na Itália, mas a Revestir é a feira em que estamos em casa, é diferente. Minha ansiedade e felicidade em participar daquele evento deu lugar ao nervosismo e tristeza. Como se diz por aqui, eu estava “aperreado”.

Hoje eu nem teria mais tanto problema, pois existe um serviço de passaporte express, porém na época eu não tinha muita opção. Saí correndo do aeroporto para o centro da cidade, que é longe, fui atrás de resolver na imigração e mesmo assim não teve jeito. Eu pensei logo que ia perder o emprego! Na época eu só trabalhava na exportação e pensei “o evento mais importante do ano para exportação da Pamesa e eu vou perder!”. A feira começou na terça e eu não consegui resolver a tempo. Inclusive havia clientes perguntando por mim e eu não estava. Desespero total!

Aí pensei que a única forma de sair de lá era pedir para alguém me enviar a identidade que havia deixado em Recife. Mas até isso foi uma dificuldade, pois fazia pouco tempo que tinha ocorrido o ataque às torres gêmeas e as pessoas não queriam ajudar por medo. Enfim minha esposa conseguiu enviar através de um piloto que estava indo para Buenos Aires. A identidade chegou, só que eu ainda passei horas tentando resolver, porque ela estava em péssimo estado, tinha coisa que não dava nem pra ler direito. Então consegui de alguma forma entrar na imigração do aeroporto e pedi pelo amor de Deus ao funcionário. Expliquei que eu morava no Brasil e se não conseguisse embarcar ia perder o emprego, pedi que ele considerasse o passaporte que estava perfeito, mas não tinha validade e minha identidade, que não estava em boas condições, mas tinha validade. Isso era quase meia noite. Ele se compadeceu e deixou um aviso para o próximo funcionário, que estaria no horário do meu vôo. Dormi no aeroporto esperando e ainda passei um aperto na imigração, porque o outro funcionário não queria me liberar. O desespero era tanto que eu já tinha até um plano B. Eu iria clandestino de barco para o Uruguai e embarcaria de lá. Ainda bem que não precisei apelar para esse plano!

Finalmente cheguei, acabado e cansado no segundo dia de Revestir. Ainda bem que a feira foi maravilhosa, fantástica e no fim deu tudo certo.

Levei falta no primeiro dia da minha primeira Revestir. Foi realmente muito marcante.”